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OPINIÃO: Santa Maria aniversariou, um testemunho agradecido

Nesta semana Santa Maria celebrou mais um aniversário, 161 anos. Ou seja, está iniciando a 17ª década de história a partir do evento escolhido, entre outros tantos, para ser o ponto inicial: a instalação do Município.

Já meus vínculos com a cidade contam mais de 50 anos. Aliás, quando comecei a série de participações quinzenais nestas páginas do Diário de Santa Maria há dois anos, assim me apresentei a quem não me conhecesse: "Adolescente de 15 anos que aportou do "trem da Fronteira", na gare ferroviária de Santa Maria num longínquo fevereiro de 1961. Vinha de Quaraí a terra natal, terra-mãe que me dera fundamentos de personalidade e conduta, moldando-me na pedra moura abundante por lá. Trazia angústias e sonhos, ambiguidade da geração que precisava tão cedo deixar o lar se quisesse seguir estudos. Aqui, primeiro o Colégio Estadual Manoel Ribas e depois a Faculdade de Direito, à época dos Maristas, deram-me o que a família mandara buscar: conhecimento. Mas, também nestas ruas e praças, junto com poemas escritos no sofrimento da solidão e do precoce desmame do convívio familiar, descobri o mundo, a visão ideológica e política que me embasa até hoje, ideias e ideais, militância. Cheguei um indivíduo, Santa Maria tornou-me cidadão".

No início de maio tive oportunidade de passar um fim de semana em Santa Maria. Foi possível caminhar por suas ruas e praças, ir à Feira do Livro, presenciar a bela homenagem ao saudoso Humberto Gabi Zanatta, enfim encontrar alguns amigos e parentes. Passado algum tempo das décadas nas quais mergulhei tão intensamente na vida comunitária e política da cidade, agora é possível perambular por ela de forma anônima, apenas um transeunte sorvendo as diferenças que os anos acumularam na paisagem urbana e na vida comunitária.

Tenho enorme vontade de vivenciar alguns eventos periódicos que se geraram em Santa Maria depois que fui morar alhures, como as Feiras de Cooperativismo e Economia Solidária e, mais recentemente, o Brique da Vila Belga e o Pátio Rural. Quase fui ao Brique, mas choveu e atrapalhou os planos.

Santa Maria nasceu com sólida vocação para comércio e transportes. Na primeira metade do século 20 consolidou-se centro ferroviário, pulsante e pujante. Ganhou efetivos, comandos e unidades militares. Na segunda metade do século passado tornou-se polo do ensino, com a instalação da primeira universidade federal fora de capital de Estado e outras instituições, atraindo jovens vindos de diferentes municípios, estados ou países.

Ah! Santa Maria do encontro da Serra com o Pampa e, por isto, da "Boca do Monte". Da Cidade Cultura que pulsa na criação de seus artistas, intelectuais e literatos. Da expansão urbana tão rápida quanto desordenada nestas últimas décadas. Da postura juvenil que se sobressai nas escolas, faculdades, bares, esquinas. Uma cidade que tem seus filhos naturais, mas também milhares de outros que nela aportam, sorvem sua seiva e partem.

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